As crianças representam mais de 30% do tráfico de seres humanos no mundo, estimando-se que 1,2 milhões de crianças são vendidas anualmente para mão-de-obra na agricultura, minas ou para exploração sexual, diz a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). Tentando combater este flagelo, a directora executiva da UNICEF, Carol Bellamy, desafiou ontem em Manila, Filipinas, os legisladores de todo o mundo a usarem o seu poder para proteger as crianças da exploração e dos maus-tratos. O desafio de Bellamy surgiu durante o lançamento do Manual Anti-Tráfico para Parlamentares, no âmbito da reunião anual da União Inter-Parlamentar, que decorre em Manila até sexta-feira. "Apesar de a saúde básica e a nutrição serem cruciais para as crianças nos seus primeiros anos de vida, protegê-las da exploração e dos maus-tratos à medida que vão crescendo é essencial para assegurar que desenvolvem todo o seu potencial e têm uma oportunidade de quebrar o ciclo da pobreza", disse. A mesma responsável destacou que já falou e contactou com crianças de todo o mundo que "foram espancadas e violadas, compradas e vendidas, arrancadas das suas casas pelos conflitos e forçadas a servir como soldados e escravas sexuais". "Mais de dez anos ao serviço da UNICEF ensinaram-me uma coisa está ao vosso alcance pôr termo ao sofrimento em massa das crianças", referiu. Carol Bellamy apelou ainda aos deputados para que proponham e apliquem medidas contra o tráfico durante as crises humanitárias, ocasiões em que as crianças ficam particularmente vulneráveis a actos de exploração e maus-tratos. APOIO. O Manual Anti-Tráfico contém informações práticas sobre como elaborar políticas e leis eficazes contra o tráfico de crianças, uma das formas mais generalizadas de maus-tratos contra crianças no mundo. A União Inter-Parlamentar, que existe desde 1889 e reúne representantes de 140 parlamentos, contribui para a defesa e promoção dos direitos humanos e tem um compromisso com a proteção das crianças.