Mulheres e crianças são principais vítimas do tráfico humano (ONUDC)
VIENA, 24 abr (AFP) - As mulheres e as crianças são as principais vítimas do tráfico de seres humanos no mundo, de acordo com relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (ONUDC), que condena a "ineficácia" da luta contra este mal.
"Na prática, nenhum país do mundo está à margem do crime do tráfico de seres humanos com fins de exploração sexual ou trabalhos forçados", afirma o ONUDC, em seu primeiro estudo destinado a medir a envergadura deste fenômeno.
Ao todo, 127 Estados foram identificados como países de origem de pessoas vítimas do tráfico, sobretudo na Ásia e Leste Europeu.
Como países de destino, 137 são citados, em particular, da UE, América do Norte, países do Golfo, Israel, Turquia, China e Japão.
As mulheres aparecem em 77% dos informes de tráfico; as crianças, em 33%; e os homens, em 9%, de acordo com os dados do ONUDC. Em 87% dos casos, trata-se de exploração sexual, contra 28% para outras formas de trabalho forçado.
O ONUDC, que se baseou exclusivamente em fontes públicas para seu relatório, principalmente governamentais, ressalta porém o caráter "empírico e parcial" dos dados divulgados, em especial diante das reticências de alguns Estados.
"Os esforços para combater o tráfico tropeçam na falta de dados precisos, que reflete a recusa de alguns países a reconhecer que este fenômeno lhes afeta", critica o órgão.
"A ausência de notificação sistemática pelas autoridades constitui um problema real" e explica que a luta tenha sido "até agora não-coordenada e ineficaz", ressalta o diretor do ONUDC, Antonio Maria Costa.
Por essa razão, é "extremamente difícil estabelecer o número de vítimas de tráfico no mundo (...) mas se trata, certamente, de milhões", completa ele, acrescentando que "o fato de que esta forma de escravidão ainda exista no século XXI é uma vergonha para todos nós".
O ONUDC defende uma cooperação internacional reforçada para combater os traficantes e reduzir a demanda de bens e serviços por parte das vítimas e para oferecer a estas últimas uma melhor proteção.